terça-feira, 1 de junho de 2010

(2010/163) Porque os dias estão mais para reais do que ideais


1. Ontem, recebi "visita" em minha sala. Não vem ao caso quem, porque o que está em jogo não é quem o disse, mas o que foi dito. Quero falar disso: do que me foi dito ontem, em tom, e acredito, de preocupação. E o que me foi dito (e, depois, ao Davidson, pela mesma pessoa, em visita a ele) foi o seguinte: "Osvaldo, você não acha que está ficando tarde demais para que as medidas sejam tomadas?". Naturalmente que a pergunta se refere às medidas que têm a ver com as metas estabelecidas pela Diretoria da CBB, metas a que cabe a nós atender, e atenderemos. Preocupava-se, meu visitante, com o prazo, que se torna cada vez mais preocupante.

2. Bem, eis o que disse e tenho a dizer. Uma coisa é você trabalhar sob as condições ideais. Bons gestores almejam trabalhar em condições ideais. Uma boa empresa, uma boa equipe, uma boa meta, uma boa direção, tudo de bom, vida boa. Vôo de cruzeiro. Tranqüilidade. Pé nas costas. Que gestor não sonha com esse barco? Outra coisa, contudo, é a a gestão da realidade: lidar com as condições reais, em que tudo está indo (parece ir) na direção contrária, em que os prazos vão se desmantelando. Não se trata, às vezes, nem necessariamente de empresas ruins, mas de cenários ruins. Às vezes, tudo é ruim.

3. O que eu quero dizer é simples: a Coordenação está preparada - psicologicamente e profissionalmente - para trabalhar no pior cenário possível. Venha o que vier, vamos enfrentar da melhor maneira possível. Melhor que fosse logo. Melhor que fosse o melhor possível. Mas, seja o quadro que for, aplicaremos todo o esforço necessário para "sair do outro lado". Eu não tenho como abrir a torneira - ela não está a meu alcance. Mas a água que vier dela, quando viver, canalizaremos para nossas necessidades. Venha a chuva que vier, armazenaremos água em caixas d'água. Não temos medo do que virá. Temos medo de nos assombrar com o tamanho do desafio. E não, não temos medo do desafio.

4. Há circunstâncias em que as variáveis não estão nas nossas mãos. Não adianta eu ir à sala do Davidson e colocá-lo contra a parede. Não farei isso. Surtisse isso algum efeito, no sentido de depender dele, de modo que, em eu o espremendo, a coisa acontecesse, já o teria feito. Mas não depende. Então, espero. Informo-o dos prazos, e espero. Imagino, ele faz o mesmo, para cima. Outra alternativa, é pedir demissão e ir embora. Não farei. Ficarei até que tudo esteja resolvido. Resta, pois, esperar e me preparar. Venha o dragão que vier, não será maior do que aquele que a tradição afirma ter Yahweh derrotado nas cosmogônicas batalhas do passado. Não sou lá nenhum Yahweh, é claro, mas os dragões de hoje, cá entre nós, não têm mais a fama dos dragões daqueles tempos.

5. Assim, cá está meu discurso: estou aqui para dar conta do recado. E darei. No que depender de mim, de minha responsabilidade. Agora, quanto ao que foge disso...

6. Não imaginem que me verão pelos corredores a arrancar os cabelos. Os perrengues que Bel e eu passamos, passamos quietos. Enfrentamos a dureza da vida, roemos os ossos, e saímos do outro lado. Será assim também agora. Não importa o tamanho do desafio, não verão a Coordenação choramingando, em desespero. Pelo contrário: verão a Coordenação pegar o touro pelo chifre. Se for humanamente possível, faremos. Assim, não se espantem com nossa "calma". Ela é apenas aparente. Concentramos energia. Não desperdiçamos forças. É para aplicar a energia e a força no momento em que a represa arrebentar. Aí, chegou a hora. E ela será a hora que ela for. Porque disso não depende a minha vontade. Dependesse...


OSVALDO LUIZ RIBEIRO

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