terça-feira, 1 de junho de 2010

(2010/164) Mas como não sou sábio...


1. A sabedoria me sopra ao ouvido: fica quieto, que o semestre acaba; acabando, tudo passa. É verdade. Logo estará terminado o semestre. O tempo sopra. Mas não sou sábio, de modo que a sabedoria fala, e eu não entendo. Não entendendo, acabo falando o que não devia.

2. Por exemplo, eu não devia falar que estou triste com a quantidade de faltas de professores. Seria sábio não dizê-lo. Seria necessário até que eu nem me entristecesse!, quanto mais dizer que me entristeço. Mas antes não-sábio do que falso. Assim, tanto me entristeço, é verdade, quanto digo que me entristeço: não sou sábio. Não passa semana sem falta de professor. Às vezes, dia...

3. Desconta, ora. É verdade. Desconta... Mas... A situação é que estamos em dívida com eles - também comigo, já que também o sou. De modo que o roto quer cobrar o esfarrapado. "Eu" devo a professores (estamos em vias de não dever mais!): como posso "cobrar"? Há anos que não se desconta... Parece que a situação pousa no fundo do balde... Tudo "tácito". Não dito. Semtimentos aparentemente calmos. Mas muitas feridas. Feridas que tendem a justificar certas dores.

4. O problema é que, entre devedores institucionais e devedores docentes, entre erros de um e de outro lado (os do lado Institucional são incomparavelmente maiores, é verdade), perfilam-se os alunos. Que culpa têm? E não me cobram. Está bem!, alguns resmungam pelos corredores, reclamam com Elysa. Uns soltam piadinhas, outros, comentam, sarcasticamente. O fato é que sinto-me mal, porque não conseguimos resolver isso. Sinto-me entre a cruz e a caldeirinha... Se corro, o bicho pega, se paro, o bicho come. Houve momentos em que pensei em descontar, e temi levantar uma confusão dos infernos. Confesso: fica mais fácil mandar a conta para os alunos...

5. Meu desejo é que o semestre termine, que reformulemos o quadro docente, e que aqueles que permaneçam saibam que a regra do jogo não vai mais ser essa. Teremos de ter uma relação profissional, séria, responsável - de parte a parte: a Instituição, responsável, os professores, responsáveis. Jogo sério. Porque os alunos não podem pagar a conta. Eu não posso mais mandar a conta para eles, nem permitir que outros mandem. Porque, no final, todos receberemos nossos salários, de um jeito ou de outro. Mas, quanto aos alunos...

6. A vocês, então, alunos, a quem devo satisfações: aceitem minhas desculpas, minhas muito sinceras e constrangidas desculpas. E aceitem meu compromisso: tão logo eu receba sinal verde para a reformulação do quadro docente, acreditem, mudaremos substancialmente todas, absolutamente todas as nossas relações. Para melhor, quero crer. Naturalmente, no que depender de mim.

7. Aos professores, minhas sinceras desculpas pelos constrangimentos todos, pelo semestre difícil, pela carga emocional pesada de carregar. Pena, companheiros, pena mesmo, é que a carga acabe sendo posta sobre os ombros de quem, na última ponta, paga as contas. Eles não mereciam isso. Mas nem nós também.

8. Perdão a todos. Mea culpa, mea maxima culpa.


OSVALDO LUIZ RIBEIRO
Coordenação Geral Acadêmica

5 comentários:

  1. E eu, menos sábia ainda, não resisto a falar...
    Não, Osvaldo, essa situação de falta de professores não tem nada a ver com o que estamos passando agora. Sempre, sempre foi assim. Um pouco menos quando eu era aluna, muito mais nos anos de 2005 e 2006. Talvez a depressão de hoje leve às faltas... Talvez a necessidade de trabalhar fora leve às faltas... Mas a situação é a mesma há muito tempo... Oxalá, podendo ser implementadas as mudanças de que o Seminário precisa, voltando o orgulho de ser professor aqui (sim, pois hoje só nos resta o amor à causa e aos alunos), voltando a normalidade das relações empregatícias, voltando a certeza de que é o Senhor quem está, efetivamente, ditando prazos e regras, as exigências poderão ser as comuns, para pessoas comuns, para trablhadores comuns, para diretorias comuns, que realizam, juntas, o trabalho comum e incomum de formar, de ensinar, de crescerem juntas para o Reino e para sua vida pessoal.
    Por enquanto, temos tristeza com as faltas, porque achamos que elas se devem à situação.Quando tudo se normalizar- você verá!-tudo precisará ser rearrumado, pois "o uso do cachimbo faz a boca torta" e os que ficarem terão que se readaptar a novos tempos, sem estrelismos, sem privilégios, sem retaliações.
    Mas não esqueça que qualquer boa instituição de ensino lida com faltas de professores. Mas, se eles são bons, se são responsáveis, sempre terão um trabalho, uma atividade " na manga", para suprir sua falta, minorando o problema que ela causa.
    Sim, são muitos os problemas... Hoje penso que os mais provados são Davidson e você. Como professora, estou pacificada, esperando o veredito. Vocês, entretanto, jogaram-se de corpo e alma numa empreitada que virou-os do avesso. Espero, sinceramente, que Deus os retribua com a vitória, pois vocês bem a merecem. E a vitória de vocês é também do STBSB, dos professores , dos alunos, dos funcionários, enfim , da nossa denominação. A instituição sairá vitoriosa e para um tempo melhor, em que reinarão a transparência, a igualdade, a simplicidade, a verdade, coroando mais de um século de formação cristã.
    Hoje, mais do que nunca, sonho com um STBSB como desejei desde que o conheci: uma escola de espiritualidade, sabedoria e amor! Será impossível? Não, para Deus nada é impossível!
    Celeste.

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  2. Mulher, como você escreve bem! E obrigado pelas palavras sempre belas. Essas, excepcionalmente...
    Osvaldo.

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  3. Eu, como aluno, acabo sendo constrangido em assumir um número de faltas considerável nas aulas. Alunos e professores conversam nos corredores do prédio de música: "Mas por que esse desânimo? Onde estão os alunos?", assim como outros, que questionam "Onde estão os professores? Por que não avisaram antes que iriam faltar?"...
    Será que alguém não soube da situação do Seminário, e, isso pode justificar o desânimo em todos ou só em alguns?
    Antes, dizia-se que enquanto não fosse decretada "a tal lista" de professores para serem demitidos, não se poderia caminhar muito ou efetivar passos grandes, afinal, todos estavam com o "pé atrás". Mas agora, aliás, desde uns dias, já soubemos que todos ficarão até o final do semestre. Não vi mudança alguma no comportamento de todos. Posso estar errado.
    Contudo, há professores animados sim, e alunos também. Prof. Oswaldo, seu pedido de desculpas é nobre e íntegro. Nunca houve coordenador que agisse de tal forma. Eu, como aluno do 4º ano, espero poder participar de um próximo semestre que seja excelente. Creio em Deus para agir onde não podemos pôr os braços. O resto é responsabilidade minha, é responsabilidade nossa. Seria injusto que os papéis se invertessem. Mãos à obra!
    Viva o Seminário do Sul!
    Amo estar aqui!

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  4. E eu que não sou sábio (talvez pela taxa de testosterona...rs...) agradeço, pois em tudo ainda há possibilidade de aprendizagem. Tudo, no fim, pode ser pedagogico. Ao menos no coração de quem ainda sonha que tudo pode voltar a ser sonho. Se é que já foi um dia. E, voltando a ser sonho, que tomemos as palavras de 2tm.4:7. Sem a pretensão de sermos "biblicos", mas sujeitando-nos a, enfim, sermos humanos. Apenas bons humanos.

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  5. É muito visível, creio que, tanto para alunos como para professores e a todos os demais que estão acompanhando essa fase do seminário, o amor com que esta casa tem sido tratada e tudo que diz respeito a ela. Direção, coordenação e demais "guerreiros" que estão passando por dificuldades e incertezas, afetando suas famílias e outras áreas de suas vidas em prol do seminário, de sua recuperação, sonhando mas crendo na reestruturação completa desta casa...
    Seria bom, muito bom que todos, sem exceção, estivessem com o mesmo sentimento, o mesmo amor, o mesmo sonho, a mesma vontade e garra de "salvar" nosso seminário. Seria mesmo.
    Que o Senhor continue dando cada vez mais amor, forças e inteligência, para vocês cuidarem desta casa, das pessoas dela, preparando vidas brilhantes, para que as boas obras destas vidas possam sempre glorificar ao Pai.

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