terça-feira, 23 de março de 2010

(2010/007) De ouvir por aí - com todo respeito


1. Bem, não sou nenhuma autorizadade pra dizer pra ninguém o que é certo e o que é errado. Não serei eu a dizer o que alunos devem ou não crer - cada qual creia no que achar conveniente. Ainda gosto de lembrar de Carl Rogers e sua psicologia da não-diretividade. Bel trabalhou como voluntária no CVV, e lá se aplica a não-diretividade até o limite do absurdo. Não seria o caso nosso aqui, há limites para a não-diretividade, já que se trata, no nosso caso, de uma Instituição de Ensino Superior, vinculada à CBB e ao MEC. Fiquemos assim, então: no campo pessoal, no campo da subjetividade, cada um pense como sua consciência determinar, e dê contas a Deus, conforme o concebe... Isso é até bem batista, quer-me parecer...

2. Mas chegou-me aos ouvidos que estamos aí a distribuir explicações teológicas para a situação "escatológica" do Seminário. Serei irônico, mas suave: é porque estamos chamando o campo de futebol (mas que campo de futebol?, ah, aquele espaço lá - chamar "aquilo" de campo de futebol já é, em si, um pecado...) de "pecadão". Aí, isso atrai "maldição". Minha avó, morta, já, também pensava assim: não se podia falar a palavra "desgraça", porque atrai - eita!, então a Bíblia é o maior ímã de pecado e desgraça que já li!, a cada dez palavras, tem uma que "atrai", não é não? "Câncer" era uma palavra que só perdia para "diabo". Quem quer crer assim, que chamar aquele espaço de "pecadão" atrai maldição, tem toda liberdade, mas eu gostaria de deixar claro que não se trata de uma Teologia que eu endossaria - se bem que quem sou eu para endossar qualquer coisa que seja... Meu medo não é bem no que se crê - mas nas conseqüências práticas disso...

3. Outra coisa: não tive "velha". Não morei aqui. Disseram-me que se está fomentando no campus uns diz-que-diz sobre não se usar mais a expressão, porque seria coisa de "preto-velho"... Não sei se é. Apostaria um real que não tem absolutamente nada a ver. Algum historiador da casa se habilita a descobrir a origem da expressão? Mas, seja como for, as palavras não têm nenhum sentido mágico. São apenas isso: palavras. É a intenção com que as usamos que dá "poder" a elas, não elas mesmas, de modo que "velha" ou "republicano" dá na mesma. Quantas vezes a palavra "Deus", na boca de um irmão, é mais feia do que um palavrão?, mais ofensiva?

4. Finalmente, penso que seria conveniente não lançarmos os problemas do Seminário na conta de "problemas espirituais" - de nenhum sorte. É nada. Os problemas são: gestão, zelo, responsabilidade, compromisso, austeridade fiscal, seriedade, clientela, essas coisas, todas, muito humanas, todas muito históricas, nada de "potestades", "macumba" e "maldição". E digo mais: ainda que um trilhão e oitocentos e vinte mil demônios trabalhassem full time para a destruição dessa casa, se nós formos responsáveis, honestos, íntegros, comprometidos, zelosos, bons gestores, bons homens, boas mulheres, eficientes, eficazes, efetivos - nenhum daqueles demônios poderia interpor-se. Os "demônios" - quantas vezes - são nomes para nossa leniência. Quem gosta das explicações mágico-místicas para problemas políticos são justamente eles - os políticos. O Délcio Monteiro de Lima não escreveu um livro inteiro - Os Demônios Descem do Norte - para defender a tese de que os movimentos neopentecostais teriam sido introduzidos programaticamente na América Latina, pela CIA, para acabar com os movimentos religiosos - teológicos - de caráter marxista - por exemplo: Teologia da Libertação? Sei lá se foi, mas, se não é verdade, é bem inventado...

5. Resumindo - nem "maldição", nem "macumba", nem "demônio"... Precisamos é, de um lado, de uma postura mais profissional, em todos os sentidos, e, no particular da Teologia, de reflexões mais profundas. Afinal, não é para isso que estamos aqui? Pois então... Com todo respeito...


OSVALDO LUIZ RIBEIRO
Coordenação Geral Acadêmica

Um comentário:

  1. Concordo com tudo isto, só que não sou tão boazinha e nem tão calminha assim chefe.(rs)
    Eu abomino este tipo de teologia.Bem, melhorando um pouco. Eu não gosto. Ou melhor acho isto estranho. Apavora-me este tipo de Fé. Quem com Deus anda tem mais coisas boas e bonitas para ver e lutar do que ficar se espreitando pelas esquinas morrendo de medo e pavor em qualquer folha que balança ou árvore que se mexe.
    Tanta coisa para fazer, tanto para agradecer e todo mundo ficando com medo do "escuro".
    Está até parecendo o pessoal que fica preocupado com o sssssiiiiiii dos alunos, achando que tem algo "escondido".
    Por falar em escondido: Quem pegou por enaganod a fita do carrilhão da Capela?
    Espero que alguém não tenha ficado com medo do "homem do sino".
    (rs)
    Hoje foi dia de muito trabalho. Vou descansar.
    abração Osvaldo

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