quinta-feira, 1 de abril de 2010

(2010/048) Do semestre em curso


1. O semestre em curso tem sido difícil. Algumas questões pontuais têm sido apresentadas, fora dos espaços adequados. Interpreto tais ações e atitudes como partes do processo pedagógico, como tenho dito em todas as ocasiões - a Colina não é um Templo, é uma Escola. Mas tais atitudes e reações são, também, reveladoras da incompletude do processo pedagógico sob nossa responsabilidade. Além de pedagógicos, esses são dias de diagnóstico também. E um fato é curioso - arrisco assinalá-lo. Se minha percepção dos fatos estiver correta, resulta preocupante o que passo a assinalar.

2. Primeiro, registrar, para dissipar ruídos, que consta ter havido as seguintes suspensões, parciais e totais, de aulas: 1) a da quinta-feira, no início de março, em que o movimento estudantil surgiu. 2) A da sexta-feira seguinte a esse dia, pela mesma razão: movimento estudantil. 3) A paralisação parcial, pela manhã, quando da visita do Senhor Presidente da CBB, na terça-feira retrasada. 4) A de terça-feira, 24/03, dia da renião do Conselho, porque o movimento estudantil encaminhou-se para a sede da CBB. 5) A de segunda-feira passada, parcialmente, para as reuniões com o Senhor Diretor. Finalmente, 6) a terça-feira passada, para as reuniões com a Coordenação Geral Acadêmica, igualmente de modo parcial.

3. Disso resulta: houve três dias de paralisação total de aulas, por iniciativa de estudantes. E houve três dias de interrupção (parcial) de aulas, por iniciativa da gestão da FABAT e da Diretoria da CBB. Revela-se constrangedor que estudante(s) manifeste(m)-se, extemporaneamente, e de forma deselegante, a esses fatos. Primeiro, porque as paralisações, efetivas, foram de responsabilidade sua - do corpo discente. Segundo, porque as interrupções parciais devem-se ao profundo respeito e ao voto de absoluta transparência que a Diretoria e a Coordenação emprestam à comunidade. Reclamar da interrupção é ainda mais revelador e constrangedor.

4. Agora, sim, o fato mais curioso: as reclamaões partem de alunos de Pedagogia. Espera-se de estudantes de Pedagogia que reconheçam os processos pedagógicos de uma ESCOLA. Não se faz pedagogia sobre pudim de leite. Faz-se, as mais das vezes, sobre chapa quente. Esperem-se os dias de aula nas escolas do Rio de Janeiro: choque de ralidade, às vezes, é bom. Pedagogia envolve precisamente as questões que, nesses dias, cravam a carne da gente. E a Coordenação esperava que a avaliação que o curso dos acontecimntos recebesse dos estudantes - principalmente dos de Pedagogia - se desse na direação de avaliarem-se as ações corretivas que se vão tomando, e não observações pessoais, quantas vezes personalistas, que beiram as raias do absoluto individualismo, da indiferença. Isso não é justo. Isso não é pedagógico. Acaso não foi revelador que o turno da tarde tenha escolhido a "necessidade" econômico-financeira dos profesores como apenas o último critério para demissão de seus mestres?

5. Oxalá que o fenômeno que se descreve não seja revelador da tendência de um "estamento" inteiro dos pedagogos que formamos. Oxalá seja um desvio, um ponto fora da curva. Porque se pode esperar coisas bem ruins de teólogos, porque religiosos tendem a ser perversos, a História da Igreja não o esconde. Também se podia esperar atitudes menos comunitárias de alguns músicos, quantas vezes tomados de incontrolável paixão e energia, releváveis. Mas, confesso, de pedagogos? Não, de pedagogos não se pode esperar menos do que o que se impõe a um: consciência, bom-senso, percepção comunitária, solidariedade - e, críticas, certamente, mas pertinentes e em fórum adequado.


OSVALDO LUIZ RIBEIRO
Coordenação Geral Acadêmica

4 comentários:

  1. Estou saindo para pensar e descansar. Espero que tenha voce também um bom descanso.
    bj

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  2. D'accord, ipsis literis com seu ponto 5. pior é que, se eu conheço um pouco este eleitorado, e se eu não estou enganada de ter visto este filme antes, não é ponto fora da curva... um comportamento desses numa circunstância dessas beira o bizarro! mas eu já vi este filme antes... sabe aquela coisa de que quem menos corresponde é quem mais exige? muito sinistro.

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  3. Gisele questiona.
    Gostaria de saber do Sr. Osvaldo, o que é "pedagogia sobre pudim de leite?" Porque tanta exaltação à teologia, e tanto desprezo ao curso de Pedagogia, se as escolas precisam, com bastante urgência de pedagogos cristãos, profissionais que amam em nome do Senhor Jesus, as famílias. Porque o "glória a Deus" para o reconhecimento do MEC ao curso de Teologia, e a afirmação do processo de fechamento da Pedagogia conforme comentários de sua pessoa anteriormente. Por quê, não se permitiu que os alunos divulgassem a curso de Pedagogia nas ruas, conforme curiosidades dos transeuntes ao verem as camisas nos alunos e pararem para perguntar: "onde fica essa faculdade?". Por que não permitiram a abertura de novas turmas, os vinte alunos que passaram no vestibular e que queriam fazer a inscrição, onde geraria receita para a faculdade imediata? Vocês estão interrompendo um sonho de profissionais na área da educação, e se voltando apenas para a teologia, jogando a culpa toda em cima da Pedagogia, quando pastores estão devendo até R$ 20.000,00 e não pagaram o curso de Teologia. A pressão psicológica sobre nós alunos do curso de Pedagogia sobre o processo de fechamento, o descaso total com nossos esforços em estudar, a ironia como se trata o pedagogo, e dando graças a Deus pelo curso de Teologia, como se fosse um marco na história. Pedagogia é a parte mais importante do ensino . Vocês estão brincando com nossos sentimentos. Conforme o senhor disse:"não precisa orar nem jejuar.Basta ter a ação de mandar um monte de gente embora". Total falta de respeito aos profissionais educadores. O que vai restar da Pedagogia. Pelos seus comentários bizarros, Pedagogia para o senhor, é balela e lixo. Não somos donas de casa qaue não tem o que fazer. Somos futuras educadoras cristãs para levar o cristianismo para as escolas , a grande bagagem dos nossos professores, o que não condiz com seu pensamento. Digo-lhe, Deus não está na Teologia, somente, Deus está presente na música e na educação, pois a Faculdade Batista não é o seu projeto, é projeto do Senhor.

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  4. Gisele,

    a expressão, no seu contexto, significa que a realidade das escolas não é fácil, nem a das escolas onde o/as pedagogo/as aqui formados ocuparão cargos, nem a nossa própria. Referia-me às reclamações que me soavam como deslocadas da base concreta em que operamos. Gostaria que a pedagogia se desse dentro das condições presumíveis pelas torres de marfim dos livros, mas ela se efetiva em contextos adversos, como é o nosso caso. Não há de minha parte qualquer demérito quanto à Pedagogia. Sob nenhuma hipótese. É um equívoco a sua percepção, e outro, a sua “acusação”.

    Quanto a seus demais comentários. Ratifico o “glória a Deus” pela provável vitória que a Teologia receberá em menos de um mês. E isso nada tem a ver com o curso de Pedagogia. O fechamento do curso de Pedagogia não é uma decisão na Colina, muito menos do Curso de Teologia - é do Conselho da CBB, que, na prática é quem pode mandar e manda. Compreende? No entanto, deixo claro que, do ponto de vista econômico-financeiro, não há como contestar a decisão do Conselho. É correta, do ponto de vista da viabilidade financeira. Só em 2010, o prejuízo que o curso imporá à Instituição é da ordem de R$ 350.000,00. O que você deseja de minha parte? Luto, porque a Teologia vai ser reconhecida, como o foi, um dia, e antes dela, a Pedagogia? Não – soltarei é rojões multicoloridos nos céus da Tijuca. E isso nada tem a ver com o curso de Pedagogia. E você devia saber disso...

    As soluções que você apresenta talvez poderiam ter surtido efeito, se tivessem sido implementadas há cinco anos atrás. Poderiam. Hoje, sequer abrir uma turma com 20 alunos é uma decisão inteligente. É aumentar o prejuízo, Gisele. Uma turma de 20 alunos não paga a própria folha docente, e, em quatro anos, ela termina com menos de 10 alunos. Faça as contas. Um dia, se você tiver uma escola, fará as contas.

    No mais, as comparações que você faz entre Teologia e Pedagogia, não vou discuti-las. São fruto de sua ansiedade, certamente, e relevo-as. Não é, contudo, verdadeiro, o descaso que você acusa. Pedagogia, em todos os sentidos, foi o curso melhor tratado dentre os três – acredite. Um exemplo? Pedagogia tem orientação de monografia em dois semestres, com remuneração docente de um crédito por aluno. Teologia, que dava sustentação financeira à Pedagogia, que nunca se pagou, e sempre mereceu, sem remorsos, sustentação do curso irmão, só tinha em um semestre, e à relação de dois alunos por crédito remunerado. Quer mais? Pedagogia teve Mere, uma orientadora pedagógica. O pior que Pedagogia tenha feito, terá sido muito melhor do que Teologia e Música, que nunca tiveram orientação pedagógica, muito menos uma Mere que cuidasse delas. Não seja injusta, Gisele. Você será uma pedagoga!

    Depois que se inventaram os textos digitais, a gente acaba escrevendo – e eternizando – coisas que a gente só costumava dizer aos ventos, e depois esquecia... Por isso, relevarei seus comentários pessoais a respeito de o que eu penso do curso. Todavia, estão – todos eles – equivocados em número e grau. Mas os tomarei como desabafo. Também os porei em conta de sua formação e aprendizado.

    No mais, publico seu comentário, porque ele não está anônimo. Se fosse anônimo, não publicava. Mas, se você desejar, peça-me, que deleto seu comentário e minha resposta, que procura ser cordial, conquanto, firme.

    Irmanalmente,

    Osvaldo Luiz Ribeiro

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