terça-feira, 13 de abril de 2010

(2010/086) Finalmente, diploma...


1. Ontem, segunda-feira, não foi um dia bom para mim. Despertei tomado de uma forte depressão, uma tristeza sem eira nem beira, uma vontade de só dormir e de não sair da cama. Saí. Vim para o Seminário. Arrastado. Na Linha Vermelha, três horas quase de engarrafamento, por conta das obras de recuperação da via de rolamento - mais tarde, ainda vou agradecer por essas obras (enquanto elas acontecem, ó, transtorno!). Cheguei ao Seminário, comecei o expediente. Mas minha cara estava tão ruim, tão abatida, e tive de forçar tantos sorrisos mentirosos para professores e alunos... Então, decidi-me a ir embora. Às 13, retirei-me. Aproveitei para passar pela PUC e pegar meu diploma de doutorado. Peguei-o. Pode vir, comissão do MEC...

2. E pensar que "outro dia" eu estava sendo transferido do campus de Nova Iguaçu para cá. Coisas de Luiz Roberto e Roberto Alves. Precisavam de alguém para apagar uma fogueira. Vim eu. Não foi um semestre bom, não. Foi aquele semestre do 11/09, das Torres Gêmeas. Nesse dia, eu chorei em sala de aula. Os alunos imaginaram que era a dor pelo atentado. Não era, não. Eu estava assumindo a cadeira de professores que estavam em pé de guerra, e escolheram alguém "neutro" para assumir as disciplinas - o tonto aqui. E não fui muito bem recebido nem pela "turma" de um nem pela "turma" do outro. Levei algumas boas saraivadas de insatisfação de todos os lados. Passou. Doeu. Mas passou. E eu fiquei.

3. Fiquei aqui. No ano seguinte, Israel convidou-me para assumir a Graduação de Teologia. Já funcionava aqui o Mestrado livre. Eu retornei, depois de tê-lo deixado, anos antes. Haroldo e Ivoni Reimer, dentre outros doutores, formavam o seleto corpo docente - todos, doutores. Dias inigualáveis - até hoje, inigualáveis. Foram eles que nos incentivaram: vocês precisam se diplomar, ir para cursos com reconhecimento do MEC, não podem ficar com seus diplomas livres, não. Quase todos os alunos daquela época correram atrás - mestrado e doutorado. Da casa, hoje, filhos daquele período, Lília, Teresa, Valtair, eu. Mas há outros por aí, até no Equatorial. Edson era professor, à época. Depois disso, alunos passaram por nós, "segunda geração", e já caminham seus mestrados e doutorados - Fábio Py, Jimmy, Cleinton, Elildes. O Roque é do período. Tá devendo mestrado, mas MECzou sua graduação, ele, Teresa e eu, em Curitiba.

4. Conto isso para marcar história. A passagem do casal Reimer mudou a história dessa Colina - para sempre. E pegar esse diploma ontem, olhar para ele, lê-lo, apalpá-lo, cheirar o cheiro do papel, e imaginar a Bel comprando uma boa moldura, para pendurá-lo na parede, foi uma lufada de ar fresco num dia deprimido. Fosse outro dia, eu teria soltado rojões. Mas foi suficiente sentir uma profunda gratidão no peito, um sentimento de missão cumprida, um orgulho pessoal, e perceber que a vida é assim mesmo - hoje está de um jeito e, quando você fecha os olhos, tudo já mudou. Às vezes, pra melhor. Tomara, ah, Deus, tomara que, dessa vez, pra melhor...


OSVALDO LUIZ RIBEIRO
Coordenação Geral Acadêmica

4 comentários:

  1. Que maravilha, Osvaldo... Que bom vc ter pegou seu - mais que merecido - diploma! Tb não veja a hora de pegar o meu... Haroldo e Ivoni, grandes e reveladores dias aqueles... Foi naquele mestrado que me ensinaram a ler a Bíblia. Antes do Haroldo, liam a Bíblia para mim, mas hoje, d.H., é tudo diferente, pois posso, por mim mesma pesquisar e ler as Escrituras. Parabéns pela conquista! Bjs, Teresa

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  2. Teresa, deixe-me escrever uma grande asneira (rs): se nós, biblistas, lêssemos tão bem a Bíblia quanto os músicos tocam seus instrumentos... Se os teólogos levassem tão a sério a teologia quanto nós biblistas levamos a sério a exegese... e se o pessoal da pastoral fizesse pastoral com tanta seriedade quanto o pessoal da teologia faz teologia: não seria o máximo? Mas, lamentavelmente, nessa ordem, segundo penso, as coisas precisam ser levadas mais a sério.

    Ler a Bíblia não é reproduzir doutrinas na leitura. Fazer teologia não é recitar credos. Fazer pastoal não é incentivar espiritualidade e moralidade. Estamos rasos demais, e achamos que oração e jejum vai resolver. Não vai não. Se não tomarmos tenência, a coisa vai daí pra pior.

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  3. Osvaldo, a gente já caminha junto, de um jeito ou de outro, desde 2001, quase dez anos! Quando não era na pós era no STBSB de NI, e terminado meu tempo por lá, cá estamos novamente. Então, antes de mais nada, parabéns pelo diploma e pelo título!

    Eu lembro desse tempo q vc foi trazido para cá como "o neutro" que vinha apagar a fogueira dos dois professores que se atracavam... lembro de um deles detonando o dia da minha formatura... um discurso esdrúxulo...

    Mas eu gosto daquele versículo que diz que Deus tem o caminho dele no meio da tormenta, ou do meio do furacão, como vc titulou um post uns dias atrás.

    Ele vê o plano no macro, tem a visão do mapa inteiro, isso nos conforta. Inclusive ele fez este mundo redondo, e por ser redondo, ele dá muita volta, mas muita volta. Se este é o caminho que Ele traçou pra ti "no meio do furacão", temos que confiar nisso.

    A passagem de Haroldo e Ivoni por aqui mudou sim, não apenas nosso jeito de ler a Bíblia, mas nosso jeito de ver o próximo. Como "discípulos" do Schwantes que eles são, depois vim a entender o quanto estas pessoas fizeram parte do caminho de Deus no meio das nossas tormentas. Cada uma delas despontando dias de luz adiante de nós.

    Adiante e força!

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  4. Queridos Terê e Osvaldo,
    Os dois me ressuscitaram emoções preciosas, de quando comecei no Mestrado de Teologia e conheci os Reimer. Quanta aprendizagem, quanta luz no meu raciocínio, quanta bíblia na minha cabeça de neófito. Meu Deus, que saudade! Como seria bom poder recomeçar o Mestrado com eles entre nós! Como gostaria de voltar àquelas maravilhas de aprendizagens teológicas! Ah! Senhor, permita que o Seminário cresça para que possamos crescer com ele! Beijos, meus amados amigo!!!

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