segunda-feira, 14 de junho de 2010

(2010/178) A FABAT que construiremos


1. Não vou "viajar" muito. Manterei esse post na devida "altura". Não tratarei especificamente de Pedagogia, porque, no que lhe diz respeito, bem como à nossa tarefa em relação a ele, cabe-nos administrar esse período de suspensão de matrículas - fazendo-o da melhor maneira possível, com o menor estresse possível, com a menor perda de qualidade possível, até que ele dure. Quero, isso sim, falar, diretamente, de Teologia, com repercussões em Música.

2. Penso reproduzir também aqui as intenções do Senhor Diretor. Como em outros, esse é um ponto em que estamos de acordo. Nossa intenção é conciliar, com qualidade, três arcos da formação da FABAT: a formação teológica, especificamente falando, a formação bíblica, e a formação "ministerial" (leia-se, prioritariamente, "pastoral", ainda que "ministerial" aponte para uma série de co-formações afins: capelania, missões, aconselhamento etc.).

3. Queremos evitar que as três formações tornem-se não-relacionais. Desde há uns duzentos anos, grosso modo, Bíblia, de um lado, e Teologia, de outro, "ficaram de mau". A JUERP publicou um bom livro sobre esse assunto, na verdade, dois, de Gerhard F. Hasel, que disso trata de modo suficientemente claro. Corre-se o risco de um terceiro divórcio - o da formação ministerial, de um lado, divorciado da formação bíblica e teológica, de outro.

4. Não é bom, para ninguém, que a formação teológica se dê em pacotes que não se comunicam. Caminha-se perigosamente, e a passos rápidos demais, que avançam na velocidade da perda de identidade "evangélica" de um modo geral, para a "tricotomização" - formação "pastoral" dissociada de formação bíblica adequada e de formação teológica adequada. É preciso que as três formações, cada qual com suas especificidades, suas regras, seus pressupostos, sejam coordenadas, harmonizadas, sem que, todavia, nenhuma delas se perca - em nenhum sentido. Cada uma delas tem e precisa ter consciência de sua identidade, que, todavia, não se constitui alheia à das demais.

5. Na prática, formações pastorais que se amontoam pelo Brasil inteiro são desenvolvidas de forma absolutamente alijada de uma formação bíblica competente. A pastoral termina por instrumentalizar, de forma absolutamente equivocada, a Bíblia. Sem falar da Teologia, jogada de lado a lado em nome de uma "pastoral" que não se compreende à luz das duas outras formações. Há que se convencer de que não será por meio do escamoteamento de conhecimentos de ordem bíblica e teológica que se lográrá uma formação pastroal recomendável. O risco de evitar-se uma formação profunda e responsável é muito grande: com o medo de perder-se para si mesma, por conta de aprofundamentos de pesquisa em Bíblia e Teologia, a "pastoral" torna-se presa fácil de movimentos denominacionais e "modelos" eclesiásticos que transformam a pastoral em qualquer outra coisa, exceto o "cuidado" de pessoas.

6. Em Música, o risco é o mesmo. Dissociada de uma formação bíblica que deva satisfações às metodologias de pesquisa bíblica, dissociada de uma formação teológica histórica e séria, a Música torna-se veículo de modismos, e nada mais - mas moda é acidente geográfico, não rumo. Com base nisso, uma adequada formação pastoral, ministerial, inclusive na área de Música, não pode prescindir do correlato de uma adequada formação bíblica e teológica.

7. A relação entre as três formações precisa se dar a partir da independência e especificidade de cada uma delas. A pastoral, os ministérios, têm sua própria exigência. Elas devem estar sobre a mesa. A Bíblia, igualmente, tem suas próprias exigências: devem elas estar, também, sobre a mesa. A Teologia, idem. Tudo sobre a mesa, sopesada cada exigência, deve-se elaborar um Curso de Teologia, bem como um de Música, que dê conta de alinhavar todas as exigências - pastorais/ministeriais, bíblicas e teológicas.

8. Não é fácil. Não é simples. Mas, por isso mesmo, precisa ser feito. E o faremos, com a graça de Deus. Se for possível a Ele passar de nós essa tarefa, que Ele passe - dele é o mundo. Encontrando-se ela em nossas mãos, não mediremos esforços para lograr êxito em bem levá-la a bom termo.


OSVALDO LUIZ RIBEIRO
Coordenador Geral Acadêmico

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