domingo, 20 de junho de 2010

(2010/184) Trabalho e alegria


1. Trabalhar, todos têm de trabalhar. Quer dizer, quase todos. Falo dos mortais. Há imortais entre os homens. A vida quis assim, é a loteria da boa-vida, ou é Deus quem escolhe - na prática, não faz diferença. Mas entre nós, homens e mulheres normais, mortais, finitos, cujo pão não nasce em pés de feijão, nem a quem corvos alimentam à beira de aprazíveis rios ecantados, resta-nos trabalhar. Aliás, Weber, se estava certo, disse que o trabalho é a alma protestante, e que, por isso, o Ocidente enriqueceu... Vai ver é por isso, né?, que o sul é pobre, porque somos vagabundos, então... Entendem?

2. Ia me perdendo, todavia. Convém voltar ao assunto: nosso trabalho. Há duas semanas que o brilho de meus olhos perde a luz. É que eu sei trabalhar por trabalhar: sair de casa, pegar a condução, bater cartão, fazer o que tem de fazer, bater cartão, voltar pra casa... Sei fazer. Todos sabemos. Mas não é o que quero: quero conciliar essa rotina com satisfação, com prazer, com alegria. E há duas semanas que me vejo fazendo força para manter a alegria...

3. Isso é ruim. Queira Deus cheguem os dias de brilho nos olhos. Queira Deus os dias de aprofundamento de nossa tarefa difícil terminem, e que cheguem os dias de (re)construção. Até aqui, foram dias de enxugar gelo, de planejar, de esperar. Mas isso cansa, porque não somos movidos a salário - apenas. Somos movidos, também, a emoção, a alegria. E, quando falta alegria, é pior do que quando falta salário.

4. Essa é minha oração de domingo: que me volte a alegria. Que eu não me torne um autômato, a trabalhar com pessoas, mas feito máquina.


OSVALDO LUIZ RIBEIRO
Coordenação Geral Acadêmica

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