1. Penso que duas são as principais dificuldades da PESQUISA CIENTÍFICA na FABAT. Salvo engano, a) uma muito frágil conceituação do ser e da funcionalidade da MONOGRAFIA DE BACHARELADO e b) uma deficiência epistemológica relacionada ao perfil de pesquisador/a e de pesquisa.
2. Precisaremos conceituar e funcionalizar a MONOGRAFIA, em todos os cursos. Isso imporá uma discussão entre os docentes diretamente relacionados, orientadores e interessados de modo geral. Na perspectiva da Coordenação, a função de uma MONOGRAFIA não é a mesma de uma dissertação ou de uma tese. Uma MONOGRAFIA não é uma dissertação mais simples, que por sua vez, seria - e não é - uma tese mais simples. Não. MONOGRAFIA é uma demonstração de domínio de pesquisa independente - nisso se resume e a isso se reduz sua funcionalidade. Para que o estudante faça jus ao título de graduado, ele deve, além de integralizar os créditos do Curso, demonstrar capacidade de pesquisa independente, por meio da prática de pesquisa independente. É para isso - e só para isso - que serve a MONOGRAFIA. Uma dissertação já é a demonstração de domínio de conteúdo, com vistas à docência, enquanto que a tese já configura o pronunciamento doutoral, logo, inédito, sobre alguma área do conhecimento. Assim: MONOGRAFIA - prova de habilidade/arte/capacidade de pesquisa; DISSERTAÇÃO - prova de domínio de assunto acadêmico; TESE - prova de contribuição original para a pesquisa.
3. Ora, na prática, cai-se na armadilha de transformar a MONOGRAFIA em veículo de "pregação" de soluções para a vida concreta de igrejas e da sociedade em geral. O PROBLEMA da MONOGRAFIA confunde-se com "problemas" que a igreja/sociedade tem. E, em lugar de o estudante realizar pesquisa crítica, ele acaba desenvolvendo discurso apologético-engajado: solução para isso, solução para aquilo, é assim que se deve fazer, é isso que devia ser... Esse tipo de trabalho classifica-se como retórica política, tem sua utilidade, mas não tem a estrutura heurística necessária para demonstrar capacidade de pesquisa.
4. É na articulação em tudo lamentável desses dois equívocos que acabamos prejudicando a formação do teólogo, do músico e do pedagogo, em termos do desenvolvimento de suas habilidades de pesquisador. Não posso me pronunciar a respeito de Pedagogia, mas posso registrar que uma das anotações do relatório que as avaliadoras do MEC fizeram registrar é justamente a deficiência do perfil de pesquisa dos trabalhos de TCC. Em Teologia, o fenômeno é notório. Em Música, logo, logo, hei de descobrir.
5. Não se trata, evidentemente, de "um problema (apenas) dos alunos". É um problema da FABAT, fundamentalmente dos professores e da Coordenação. Eu quero meus formandos na condição de exímios pesquisadores - e somos nós que temos de transformá-los nessa direção. Não adianta choramingar a deficiência de formação primária e secundária dos vestibulandos. Temos é que, apesar disso, dar a volta por cima, e entregá-los à sociedade com o salto de qualidade que se espera da formação superior. O que não podemos, sob nenhuma circunstância, é somarmo-nos à corrente da negligência educacional que se instalou na sociedade. Nossa justiça, alguém disse, deve ser um pouco que seja maior que a dos fariseus.
6. Prepare-se, Colina. O "espírito de pesquisa" vai pousar sobre as suas curvas ondulantes. O prazer de pesquisar vai tomar conta de seu corpo. E viveremos dias de muita e profunda alegria, por causa disso.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
Coordenador Geral Acadêmico
2. Precisaremos conceituar e funcionalizar a MONOGRAFIA, em todos os cursos. Isso imporá uma discussão entre os docentes diretamente relacionados, orientadores e interessados de modo geral. Na perspectiva da Coordenação, a função de uma MONOGRAFIA não é a mesma de uma dissertação ou de uma tese. Uma MONOGRAFIA não é uma dissertação mais simples, que por sua vez, seria - e não é - uma tese mais simples. Não. MONOGRAFIA é uma demonstração de domínio de pesquisa independente - nisso se resume e a isso se reduz sua funcionalidade. Para que o estudante faça jus ao título de graduado, ele deve, além de integralizar os créditos do Curso, demonstrar capacidade de pesquisa independente, por meio da prática de pesquisa independente. É para isso - e só para isso - que serve a MONOGRAFIA. Uma dissertação já é a demonstração de domínio de conteúdo, com vistas à docência, enquanto que a tese já configura o pronunciamento doutoral, logo, inédito, sobre alguma área do conhecimento. Assim: MONOGRAFIA - prova de habilidade/arte/capacidade de pesquisa; DISSERTAÇÃO - prova de domínio de assunto acadêmico; TESE - prova de contribuição original para a pesquisa.
3. Ora, na prática, cai-se na armadilha de transformar a MONOGRAFIA em veículo de "pregação" de soluções para a vida concreta de igrejas e da sociedade em geral. O PROBLEMA da MONOGRAFIA confunde-se com "problemas" que a igreja/sociedade tem. E, em lugar de o estudante realizar pesquisa crítica, ele acaba desenvolvendo discurso apologético-engajado: solução para isso, solução para aquilo, é assim que se deve fazer, é isso que devia ser... Esse tipo de trabalho classifica-se como retórica política, tem sua utilidade, mas não tem a estrutura heurística necessária para demonstrar capacidade de pesquisa.
4. É na articulação em tudo lamentável desses dois equívocos que acabamos prejudicando a formação do teólogo, do músico e do pedagogo, em termos do desenvolvimento de suas habilidades de pesquisador. Não posso me pronunciar a respeito de Pedagogia, mas posso registrar que uma das anotações do relatório que as avaliadoras do MEC fizeram registrar é justamente a deficiência do perfil de pesquisa dos trabalhos de TCC. Em Teologia, o fenômeno é notório. Em Música, logo, logo, hei de descobrir.
5. Não se trata, evidentemente, de "um problema (apenas) dos alunos". É um problema da FABAT, fundamentalmente dos professores e da Coordenação. Eu quero meus formandos na condição de exímios pesquisadores - e somos nós que temos de transformá-los nessa direção. Não adianta choramingar a deficiência de formação primária e secundária dos vestibulandos. Temos é que, apesar disso, dar a volta por cima, e entregá-los à sociedade com o salto de qualidade que se espera da formação superior. O que não podemos, sob nenhuma circunstância, é somarmo-nos à corrente da negligência educacional que se instalou na sociedade. Nossa justiça, alguém disse, deve ser um pouco que seja maior que a dos fariseus.
6. Prepare-se, Colina. O "espírito de pesquisa" vai pousar sobre as suas curvas ondulantes. O prazer de pesquisar vai tomar conta de seu corpo. E viveremos dias de muita e profunda alegria, por causa disso.
OSVALDO LUIZ RIBEIRO
Coordenador Geral Acadêmico
TEntei colocar um post na outra mensagem mas ficou longo demais acho que o blogspot não acatou. perdi todo o texto, e cansada como estou, não tenho tempo pra redigir tudo novamente.
ResponderExcluirTenho muitas considerações a fazer sobre isso,
mas penso que a visão que a coordenação tem a respeito de construção de monografia precisa ser discutida com o corpo docente, pois eu tenho reservas a alguns aspectos pontuados e acredito que outros colegas possam ter também. entendo o valor que a coordenação tem sobre isso mas se uma questão séria como essa não for produto - consenso do grupo, será que não há certa arbitrariedade aí?
Aprendi, nas instituições que passei,inclusive aqui na casa, durante o mestrado, que a única diferença entre monografia, dissertação e tese é o nível da profundidade da discussão. E que sim, o aluno pode trazer um elemento totalmente novo numa monografia, desde que devidamente amparado. A pesquisa de campo é o amparo de uma informação nova ainda não documentada... então, penso que essa discussão tinha que ser feita com todo o corpo docente, para além do comitê em pesquisa já que o corpo docente é totalmente envolvido no processo de orientação dos graduandos.
Há professores na casa que tem experiência com pesquisa de campo, alunos que desejarem fazer, deveriam ter esta liberdade. Professores formados em Ciências da Religião não são teólogos por especialização e estão acostumados a tratar os assuntos de forma empírica, pois o experimento é trazido para a discussão.
Em teologia, por conta uma ciência do campo filosófico, não se tem costume de fazer pesquisa de campo, mas em missiologia sim, há, e como há alunos construindo TCCs em missões, penso que a prática da pesquisa de campo precisa ser incentivada.
Lília, tudo será discutido. Inclusive essa divergência acerca da função dos TCC: Mono não é dissertação mais simples, nem dissertação é tese mais simples. Mas não se preocupe - tudo será discutido amplamente. As pretensões da Coordenação são apenas o que são: pretensões da Coordenação - mas a decisão final será do grupo - GT -, ouvidos os professores, o Colegiado, a CEPE.
ResponderExcluirQuanto à pesquisa de campo, é imperioso que se tenha formação. Não ensinamos a fazer, não podemos deixar fazer. Desde sempre o viés da pesquisa na Colina foi bibliográfico, e, enquanto não ensinarmos a fazer pesquisa de campo (e não ensinamos, nunca ensinamos - porque não sabemos!), não podemos sequer sonhar em permitir que seja feita - pela simples razão de que, o que se chama de pesquisa de campo por aí, não passa de questionários absolutamente sem nenhuma base estatística adequada, entende?
Um aluno está insistindo em fazer. Disse a ele que se Naara topasse, a Coordenação estudaqria o caso. Ela não topou. Ele vai procurar um doutor em ciências sociais. Se o doutor não tiver formação e não tiver experiência em pesquisa de campo, não vejo outra saída senão não autorizar.
Pesquisa é coisa que necessita de fundamentação. Há muita coisa que se escreve que não tem nenhuma base, seja bibliográfica, seja "de campo". Teremos de discutir isso com muita calma, mas com seriedade.
Bem, a posição da Coordenação está clara: pesquisa bibliográfica e MONO como demonstração de habilidade de pesquisa. Vamos ter boas discussões pela frente...
Que bom que estes aspectos entrarão em discussão. Concordo com você quando diz que "o que se chama de pesquisa de campo por aí, não passa de questionários absolutamente sem nenhuma base estatística adequada" mas não é o caso dos meus orientandos. Até mesmo a pesquisa de campo possui diferentes níveis de profundidade. Níveis que vão sendo adquiridos no mestrado e doutorado, mas uma pesquisa preliminar de base, consegue trazer suas suspeitas iniciais.
ResponderExcluirEste meu demorado ingresso no doutorado tem-me feito cursar disciplinas avulsas muito importantes no IFCS nos programas de Pós em Antropologia e Sociologia e agora na História Social. Além de ter aprendido Pesquisa de Campo na UMESP com os professores da área de Sociologia. A UMESP produz dúzias de Mestres em Ciências da Religião com formação para pesquisa de campo (já que nas CRs pesquisa de campo é quase uma lei) por ano. Pesquisa de campo é prática, não tem jeito, tem muito doutor com formação que faz uma pesquisa de campo horrível porque não está acostumado a enfrentar o campo. Então discordo quando se diz: "Se o doutor não tiver formação e não tiver experiência em pesquisa de campo, não vejo outra saída senão não autorizar". Há mestres com experiência de pesquisa de campo... só não são doutores, por enquanto. Penso que é elitizar demais uma questão prática que na verdade não se mede pelo título que tem na frente do nome, mas pelo tempo de atuação em campo.
Quando cursei uma disciplina no PPG em Antropologia do IFCS em 2008 aprendi que uma mesma pesquisa de campo feita de uma forma na graduação será revisitada com novas indagações, a partir do resultado da primeira. Por isso, se sabe: nenhuma pesquisa de campo sai "padrão IBGE" de uma graduação, mas obviamente suas suspeitas principais podem ser levantadas ali. Então, não há problemas quanto a graduandos realizarem pesquisa de campo.
Tenho, no momento, três orientandos da FABAT fazendo pesquisa de campo, muito sérias e metodologicamente corretas. Um aluno está investigando a participação dos batistas na ação social, outro está estudando a relação dos fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus com a prática do dízimo, numa região específica do RJ, muito pobre,. O aluno já aprendeu tanto no levantamento de dados que está trazendo à tona questões internas do funcionamento da IURD que sequer o povo de fora tinha noção. No sábado tivemos seminário de pesquisa e ele trouxe aos colegas informações que nos deixaram de boca aberta, até a mim.
Meus orientandos entrevistam as pessoas, uma a uma. O público a ser entrevistado é seletivo, não são questionários aplicados aleatoriamente, cada questionário possui termo de compromisso, com parâmetros limitadores apropriados para as questões, consonantes com códigos de ética de pesquisa de campo que tenho acesso. A elaboração dos questionários demandou de 7 a 8 horas de encontros entre eu e cada um desses alunos, com inúmeras revisões do conteúdo antes de serem aplicados. Agora entram na fase de tabulação dos dados e análise dos mesmos.
Obviamente, ensinar a fazer a pesquisa de campo como tenho feito com eles está muito além da minha função enquanto orientadora, mas eu faço com alegria, pois tive a bênção de ter orientadores que sentaram comigo e me ensinaram a fazer. A pesquisa destes alunos trará contribuição importante para outras pesquisas no futuro.
Os alunos de Teologia da Colina são alunos de um nível acadêmico geral muito bom e superiores aos de muitas instituições de Teologia que conheço. Já trabalhei em mais de dez seminários diferentes e sei do que estou falando.
Temos apenas que criar um espaço, talvez uma Metodologia da Pesquisa de Campo que entre no currículo. O resto é permitir que a Colina se torne referência em pesquisa, mas não apenas de rebuscagem bibliográfica, mas de elucidação de elementos totalmente novos adquiridos com a prática de campo.
Lília, não estamos discutindo o caso de "seus" orientandos. Estamos discutindo formação - e nenhum de seus orientandos recebeu "formação" para pesquisa de campo. Suspeito que nem nós professores. Eu não orientaria nenhuma pesquisa de campo. Sequer tenho critérios para isso. Salvo melhor juízo, precisaríamos de um doutor em ciências sociais - e não temos. Nem mestre temos! Você diz ter - ótimo. Mas a FABAT não pode ficar na mão do professor que tem e do professor que não tem: tem de constituir-se uma linha mestra, uma plataforma teórico-metodológica. E isso, na prática significa só cobrar aquilo que se ensina - e não ensinamos formal e oficialmente a fazer. Como professores que não sabem podem participar de banca supostamente baseada em "pesquisa de campo"?
ResponderExcluirMas fique tranqüila. Discutiremos isso no momento e no espaço adequados.
Eu confesso que desconfio muito, muitíssimo de alguns trabalhos baseados em "pesquisa de campo". Se ler um texto, interpretá-lo, prestar contas da interpretação, concatenar as idéias, redigir de modo minimamente satisfatório - já é um parto para muitos estudantes, quanto mais não seria uma pesquisa de campo, com o agravante de os professores terem muita dificuldade de "mensurar" o processo, o resultado.
Mas não é isso que está em jogo. O que está em jogo é o seguinte: SE ENSINARMOS - com professor formado e qualificado - a fazer pesquisa de campo, permitiremos. SE NÃO FORMAMOS, não permitiremos.
No mais, já viu que teremos uma boa discussão, não?