quarta-feira, 21 de abril de 2010

(2010/108) Porque a Colina não é um Fla - Flu


1. A Colina não é um Fla - Flu, porque a Colina é o lugar de trabalho de um conjunto de pessoas, que retiram dela, de seu trabalho nela, o seu pão, a sua roupa, os seus remédios, o seu divertimento, o seu futuro, o seu presente. Torcer para Flamento ou para Fluminense, tanto faz - nada acontece no dia seguinte... Mas o clima de Fla - Flu, aplicado à Colina, é inaceitável.

2. A Colina não é um Fla - Flu, porque é o lugar de formação de centanas de pessoas, homens e mulheres, que para cá vieram, encaminhados na direção de um sonho de futuro, sejam teólogos/as, sejam pedagogos/as, sejam músicos/as. Torcer contra a Colina é desconsiderar absolutamente essa dimensão concreta, é afastar os olhos da realidade e entregar-se à mesquinharia.

3. Há quem torça contra a Colina? Há. Não é a maioria, não. Mas há. E é uma minoria que faz barulho, que é capaz de gastar tempo replicando sua torcina negativa, gente proselitista da desgraça da Colina.

4. Há quem torça contra a Colina por inúmeras razões:

a) consideram que os problemas de gestão, históricos, são estruturais e, seja quem for a sentar na cadeira da Direção - e da Coordenação - vai repetir todos os problemas do passado. É uma torcida magicamente motivada. É como se houvesse "maldição" na Colina, e essa torcida é, assim, inteiramente dada a essas considerações pseudo-teológicas... A esses, só o trabalho revelará seu engano de interpretação, sucesso que, contudo, tenderão a interpretar... magicamente...

b) consideram que o que se ensina aqui não é "certo", e, nesse sentido, manifestam até a próstata o espírito protestante - a cisão, a separação, o distanciamento, o anátema. É assim que se faz no mundo evangélico: quando há discordância, vai um deus pra cada lado, e um diabo pra cada lado também. Sempre o sujeito acha que Deus está com ele, e o diabo, com o outro, e vice-versa... Desde Lutero foi assim, e é capaz de continuar assim até o Armagedom, porque a alma protestante é a alma da divisão, e nada mais. Somos incapazes de sentar civilizadamente e de tratar as questões de divergência no campo das idéias - é sempre a Deus que apelamos, controlando-o, dizendo dele nossas verdades: "Deus" numa mão, o diabo na outra...

c) há a crítica programática, dado o fato inegável de que pululam, às dezenas, os "seminários" Estado afora... Aliás, parte substancial da crítica assinalada em "b" constitui "capa" para esconder essa real razão das críticas - para "atrair" alunos, fala-se mal da Colina... É uma pena: quem vai pagar - já paga há anos! - por isso é a Denominação. Planta-se vento - colhe-se tempestade. A fragilidade denominacional, o esgarçamento das estruturas, o sentimento que se vai tornando comum de que é plenamente possível viver sem a Denominação, nada disso tem a ver com a crítica teológica. Mas nem de longe! Pelo contrário! Tem a ver com a superficialidade, com a negligência, com a má-vontade, com o cerceamento da crítica, com o abafamento, com o espírito de "sacerdote", com o emcabrestamento das massas - tudo isso radicalmente contrário aos Princípios Batistas.

d) quem desejasse estar nos cargos. Ah, sim, tem. Podem acreditar que para algumas pessoas, o máximo dos sonhos é sentar-se numa das cadeiras da Colina. E não conseguem, por mais que o façam, e, então, danam a falar mal. Têm sua platéia cativa.

e) quem esteja honestamente cansado de nossa história de, onde pomos a mão, estragamos, destruímos, deterioramos, naufragamos; cansados de ver a Denominação injetar dinheiro na Colina, e a Colina queimar, como se queima lixo. Não sei do passado, mas sei que queimamos alguns milhões, uns quatro, nos apartamentos aqui ao lado, e, nos últimos cinco anos, mais outro tanto. Há quem não tenha mais estômago para isso, e, sinceramente revoltado, rebela-se. É legítimo. A esses, eu pediria um voto de confiança. A esses, eu diria que temos de estancar a sangria, severamente que seja, e temos que cuidar do doente. Colocaram-nos aqui - que cobrem, que vigiem, que policiem, que acompanhem mas, pelo amor de Deus!, que nos dêm chance e condições de fazer aquilo que deve ser feito. Toda a revolta justa se transformará em nada, em absolutamente nada, se ainda deixarmos as coisas simplesmente correrem... É preciso segurar o touro pelos chifres. Cada dia que passa é mais uma chifrada que ele dá, desembestado que está, o touro Colina. Nosso tempo já passou: cada segundo perdido é tantos reais a mais jogados fora...

5. Nossa geração pode ser marcada: a) como a geração que, finalmente, enterrou o morto; b) como a geração que fez tudo como sempre foi feito; c) como a geração que veio, viu e venceu. Escolhi a alternativa "c" e, (também) por isso aceitei o desafio do Diretor. Mas não há como eu realizar o meu trabalho sem que todos, absolutamente todos, dêem sustentação - e sustentação no tempo devido.

6. Depois de sanados os problemas, quem sabe, então, resolvamos nossa diferenças, quem sabe até outros se assentem nas cadeiras... Nesse momento, contudo, a hora é de cooperação. A Colina não é o Maracanã - é uma extensão da casa da gente. Não é Fla - Flu que se faz aqui - é a vida real, tal qual ela é. É a vida da gente.


OSVALDO LUIZ RIBEIRO

Um comentário:

  1. e eu tenho sofrido diariamente com tudo isto.
    A felicidade de ver nascidos os meus netos é imensa, mas ontem entrando para meu quarto aqui na casa do meu filho em Fortaleza, quase 3.oookm de distância - 23h, não tinha com quem falar depois de ter lido o coordinatum de ontem fiquei muito triste. Se eu ficar ficarei triste e sair também. Tristeza por toda esta situação, incerteza, amor, dedicação, empenho de tantos... Ficaremos todos mais pobres e sofridos depois disto tudo. Aliás sofridos já estamos por esta espera das demissões, da vida que precisa seguir e das dores da ameaça de fechar, da incompreensão da grandiosidade do que ali ensinamos e fazemos.

    Desculpem-me todos, mas é RIDICULO muito do que ouço e do que leio. As pessoas pararam no tempo e ficam julgando - pelo que fizeram ou viram em suas épocas - uma Casa que é dinâmica pois a educação assim o é. Porque eu sou uma pessoa de FÉ, sou viva e dinâmica e meus colegas também. Trabalhamos duro, compramos livros, estudamos, ouvimos os alunos, mentoriamos da forma que cada um pode e recebemos criticas fúteis e injustas...

    Preciso sair daqui agora pois um dos nenezinhos está chorando.
    bjs

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