terça-feira, 11 de maio de 2010

(2010/131) O fim de um namoro?


1. Se começar a ler, leia até o fim. Coisas que ouvi hoje, tudo em decorrência do início dos processos de advertência por escrito para o caso de infrações ao Regulamento do internato. Vou enumerar pela ordem de lembrança, sem nenhum critério hierárquico.

2. Não se pode mais louvar! Tudo porque pendurei toalha no corredor! Ué!, mas todo mundo faz isso - até professor! O CADS, em vez de lutar pelos alunos, defende a Instituição! Nem todos os alunos são tratados de forma igual - há privilégios não corrigidos! Nenhuma dessas declarações me foI feita em tom provocativo, "de briga". Algumas, até em tom de muita diversão - "disse pra mamãe que não podemos mais louvar aqui no Seminário!, quiá, quiá, quiá!". Outras coisas ouvi, mas essas não quero declarar aqui. As que declarei, quanto a elas, tenho a dizer o seguinte.

3. Sim, o CADS é um Centro Acadêmico. Sua principal função é ser órgão representativo dos alunos. Não se pode perder isso de vista. É fato, todavia, que a atual gestão da Colina tem muita sorte - para não usar o nome de Deus nesse sentido - de ter o CADS ao seu lado. Eu nunca vi uma coisa assim, de apoio, de luta ao lado da Direção. Tenho só a gradecer a essa "rapaziada". De coração. E, mais do que isso, tenho a pedir que continuem a nos apoiar, porque ainda mal começou nosso esforço de superação. Precisamos muito mesmo da cooperação dos alunos - e ter o CADS do nosso lado é um "presente dos céus". Todavia, CADS é CADS, e sua função não deve ser "transformada" por conta de apoio instutucional.

4. Aí é que eu quero ver se somos gente grande mesmo. O namoro entre nós, Instituição e CADS, advém de nossa maturidade, ou não, advém apenas do fato de que não somos "enfrentados" por uma representação que lute pelos alunos? É preciso que consigamos harmonizar esse apoio estudantil, do qual dependemos muito, com as funções críticas e reinvindicatórias de uma centro acadêmico atuante. É preciso que nos amemos, independente das cobranças mútuas. Namoro que é namoro tem que ser assim, transparente. Ia dizer "nu", mas seria uma enorme besteira, não é não? :O) Já ia eu levar uma advertência!!

5. Por outro lado, pensa-se que muito do que está sendo "cobrado" é caganifância" (juro, essa palavra está no dicionário! - corrigido, Wellsif!). Mas temos de corrigir os rumos das relações do internato até nas menores coisas. Por outro lado, é preciso que o conjunto dos alunos e professores, bem como funcionários e administração reconheçam que todos estão comprometidos com as "normas". O que não pode para um, não pode para nenhum. O que pode para um, pode para todos. Não vamos transformar o campus num campo de denuncismo - é o risco que se corre. Vamos usar esse momento inicial das rotinas que, como tudo o que é novo, cria alvoroço e insegurança, para aprendermos a usar o Regulamento para a melhoria das relações humanas.

6. Na outra ponta, o CADS pode fazer sua boa política de cobranças - como a água que corria solta no 19, ao que me fizeram saber indignadíssimos alunos, por ter escangalhado a bóia e não haver registro independente, reclamando de que cobramos, cobramos, mas não "pagamos" na mesma moeda. E eu ouvi com minha cara de paspalho - fazer o que diante do óbvio? Se bem que uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa...

7. É um momento delicado esse. Os ânimos estão à flor da pele. Adorei que a aluna se divertisse com sua advertência, "porque não pode mais louvar" (claro que pode, é que ela "louvava" depois do horário de silêncio!). Rir, divertir-se, desopila o fígado. Estressados como estamos, se um der bom dia mal dado para outro, está arriscado a sair uma briga. É preciso vigilância, mansidão, autocontrole. É preciso vontade de fazer o melhor. É preciso saber cobrar com educação e jeito, mas firmeza e razão. É preciso ceder, quando é necessário ceder. É preciso poder dizer as coisas - e dizê-las...

8. Enquanto esperamos que nos autorizem a fazer o que temos de fazer, há coisas que podemos aprender a fazer enquanto isso - e aprender as relações humanas em contextos heterodoxos é uma delas. Acredito que podemos ter relações maduras, sem mitos, sem politicagens, sem "traições", cada qual agindo como deve agir, cobrando como deve cobrar, trabalhando para o bem comum.

9. Para finalizar, convido à leitura do último ponto dos Princípios Batistas - Autocrítica. Vale a pena. Mesmo. Te, no site http://www.batistas.org.br/.


OSVALDO LUIZ RIBEIRO

4 comentários:

  1. "Todavia, CADS é CADS, e sua função não deve ser "transformada" por conta de apoio institucional." ... "Não vamos transformar o campus num campo de denuncismo - é o risco que se corre. "

    Extraí estas duas falas tuas porque esta semana também tive o fluxo das aulas meio que alterado por conta da indignação de alguns alunos advertidos.

    Concordo literalmente com essas citações que fiz aí. Penso que o Centro Acadêmico é um organismo que representa alunos junto à instituição. Obvio que temos todos que andar de mãos dadas neste momento difícil, mas não a ponto de subverter a função do diretório acadêmico. Não há qualquer problema e unirmos os esforços, mas não perdendo de vista a função que nos foi designada.

    Às vezes fico preocupada com a roupagem de "super-herói" da qual alguns grupos se revestem, como se pudessem nos salvar da crise de moralização que o seminário enfrenta nos círculos denominacionais.

    Só quem pode nos salvar é Deus e por mais paradoxal que possa parecer, Mamon também, mas é claro, Mamon a serviço de Deus, rsrsrs. (Sorry, não resistí a tentação de brincar com essas heresias). Não tem jeito. A moralização da casa não vai ocorrer sem o tal do dinheiro. Quem dera os problemas do seminário se resolvessem apenas com o fisco da conduta dos alunos.

    Por fim, chega de minhas palavras, fiquemos com ela, sempre: A PALAVRA
    "Verdadeiramente a opressão faz endoidecer até o sábio... não sejas demasiadamente justo, nem exageradamente sábio, por que te destruirías a ti mesmo? Não apliques o coração a todas as palavras que se dizem, para que não venhas a ouvir o teu servo a amaldiçoar-te, pois tu sabes que muitas vezes tu mesmo tens amaldiçoado a outros.." Eclesiastes 7,6 - 22 - excertos.

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  2. Prof.
    Achei interessantíssimo o termo, novo pra mim, que o senhor usou e, como você jurou que estava no dicionário, fui verificar o significado.
    Concordo com o emprego da palavra no seu texto, mas a grafia é caganifância, não caganifICância!rsrs
    Abraço.

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  3. Professor, os membros do CADS leram este seu post? Deveriam... eles esqueceram que representam os alunos!

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