terça-feira, 8 de junho de 2010

(2010/172) Na veia


1. Se aprendeu, está na veia. Mas não é que se aprende mais. Informa-se. Googleona-se, wikipediona-se, eme-esse-eneona-se. Vem aí a era do Google em classe. Sala de aula vai virar quiz show. Mas... aprende-se?

2. Aprender é injetar na veia. Já corre no seu sangue. Não é mais você. É você +. Você era um, o quê?, não faz dez minutos... e agora, só porque aprendeu, já é outro. Sim: aprender é como comer: a comida vira seu corpo, parte dele, nutre você. Vira unha, cabelo, osso, sangue, músculo.

3. Mas o aluno faz que aprende. Tem contato. Mas ele... é o mesmo! Sai do curso, o mesmo. Aprendeu? Não. Nada. Aprender é desconstruir-se, inteiro, e reconstruir-se, a cada instante. Comeu um livro? Aprendeu? Entrou na corrente sangüínea? Então você já vai se transformando.

4. Levo muito a sério quem aprende. Você conversa, e sabe que o que ele vai aprendendo corre em sua veia. Você não tem diante de si um saco oco de vento. Você não está diante de um teatro verborrágico. Você está diante de uma pessoa, (re)construindo-se, incessantemente, por meio do que aprende.

5. Fecho: aprender é encontrar pedaços de si espalhados pelo mundo. E você cata os pedaços. E se faz.


OSVALDO LUIZ RIBEIRO
Coordenador Geral Acadêmico

Um comentário:

  1. Como está sendo maravilhoso esse processo de aprendizagem (ou aprendizado?)! Acho que nunca estudei/aprendi com tanta vontade. Desconstruir não é nada fácil e reconstruir... ainda tem um monte de pedaços por aí...rs.

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